segunda-feira, 4 de julho de 2011

Inside e Outside

Eu nunca fui muito de beber e sair, até o dia que eu realmente entendi por quê raios o apartamento me entediava tanto. Sempre tentei buscar explicação no tom das paredes amareladas, ou nos pijamas que sempre vinham acompanhados de meias furadas, e enfim... O sofá mofado vivia me convidando para deitar, fechar os olhos e dormir. Levantava, encarava uma janela ou outra e no fim, eu acabava jogada no sofá. 
Apesar de ser aparentemente mórbida essa vida de inside e outside, posso te garantir que eu me divertia. A vida solitária não é tão terrível quanto parece. Eu costumava ouvir música o dia inteiro... Qualquer coisinha era música. Nunca suportei o silêncio individual e tenho pra mim que ninguém suporta (a não ser que você seja um monge). Me afundava no meio de tinta, papel, e café... Aliás, sei que cito demasiadamente o café em tudo que faço, mas... Cheguei a um ponto em que por mim, o endeusaria, faria cultos, rezaria (café nosso que está na xícara, o amargo nosso de cada dia nos dai hoje) e etc. É um vício que eu prefiro manter todos os dias, pontualmente. 
O que me regenera de fato, é ver a quantidade de papel amassado e palavras riscadas que tem no lixo. Tento escrever algum livro aqui e outro ali e nunca consigo. Não nasci para isso. Só sei escrever de momento e TEM que ser vivido. Devo ter alguma falha na imaginação... Não que a minha seja limitada, mas eu diria que ela é desorganizada. E olha que faço História! O que isso tem a ver? Bem, História você tem que ter no mínimo uma linha cronológica na cabeça MUITO organizadinha e clara. O problema é que às vezes eu misturo tudo! A sequela mais grave dessa zona toda foi essa admiração parcialmente absurda pelo Napoelão (eu sei eu sei... ele é quase um deus pro Hitler e matava os soldados negros do Haiti), aaaah, sei lá. 
Eu fico lendo, assistindo filme, ouvindo música, pesquisando e não dá em nada. Quer dizer, eu fico até o topo da cabeça com vontade de escrever centenas de coisas e na hora do vamo ver, eis a frustração. Vai ver é coisa de momento... De qualquer forma, voltando ao assunto e partindo para o "beber e sair", eu diria que é o método mais social para colocar algo na mente. Deixa eu explicar melhor.
Tô a minha vida inteira (que puta vida essa de 18 anos) buscando tópicos em consequência dos outros para tentar rabiscar... Nunca tentei compreender as minhas consequências e isso acabou trazendo uma certa infelicidade nessa pessoa que vos fala. De maneira estúpida, já cheguei a considerar muito vago esse negócio de viver e isso não tem nada relacionado com conflito existencial e sim com o lance de viver por viver, sem dar bola para as questões filosóficas e... ah, até parece bonito essa merda, mas nem é. 
Ficar isolada faz um bem danado, claro. Refleti muito mas não gerei nenhuma consequência para levar de aprendizado. A gente tem que fazer coisa errada, escrever porcaria, ouvir xingamento e dar atenção pra essas coisas. Tem que sentir raiva, ódio, tristeza e paixão (que nem sempre é amor). 
Escrever como se tivesse vivido aquilo não é muito colaborativo. Quer dizer... É sim, mas até um certo ponto. A partir do momento que você ama ou manda seu pai pra puta que pariu, a vida passa a fazer sentido pelos dois extremos. Você pode e deve ler isso aqui e achar uma droga porque sentimento é uma coisa muito minha e sua... É muito intransferível e pessoal. 
Todo mundo tem o direito de achar que os Stones são melhores que os Beatles.

Um comentário:

nádia c. disse...

"Eu fico até o topo da cabeça com vontade de escrever centenas de coisas e na hora do vamo ver, eis a frustração."
sei tanto como é isso.
às vezes penso que tanta inspiração que procuro ter não está me ajudando em nada, fico tudo amontoado, não consigo pegar um coisa e dizer "é daqui que vou começar".........