sexta-feira, 22 de julho de 2011

Irmã

O prédio é azul com uma pracinha receptiva bem podre e 12 andares festivos que eu faço questão de olhar do primeiro ao último logo que passo da portaria. 
No mural há um aviso:


"Caros, recebi uma reclamação dizendo que existe um morador que está com o hábito de alimentar pombos e gatos de madrugada, próximo a lixeira. Isso é um absurdo! Temos que descobrir quem é. Assinado: O Síndico"


A única expressão que eu consigo esboçar é um sorriso bem vagabundo... Até porque não sei o que é mais absurdo nisso tudo.
Chamo o elevador, ele enrola para descer, eu danço um pouquinho, vejo se não terei que passar pelo constrangimento de compartilhar o espaço minúsculo com alguém e finalmente ele chega.
São oito andares. O suficiente para arrumar o cabelo, limpar o borrado dos olhos e encenar um rosto saudável. O elevador para no local indicado e eu bato 5 vezes na porta marrom, com o número 82 em branco. Sob o tapete preto eu despejo toda a carga negativa e recebo com toda a saudade do mundo a minha pequenininha. 

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