terça-feira, 26 de julho de 2011

Point

Em uma dessas de perambular por São Paulo, me ajeitei em um desses quiosques que vendem café e tirei da bolsa meu caderno roxo. Fazia frio e então imagine você que eu sequer sentia minha mão direita desenhando palavras no papel, o que me frustrou de alguma maneira, não sei... Então, fechei o caderno e o coloquei de volta na bolsa.
Resolvi ficar só olhando o vai e vem das pessoas na Paulista... Na cruel Paulista que tampa o céu com os seus punhados de cimento. Por ali passou uma garota de jeans rasgado e camisa flanelada, devia ter uns 15 anos no máximo, ou se preferir, a idade da rebeldia. O passado, sempre bem-vindo, resolveu aparecer também, fazendo-me lembrar dos meus gloriosos anos de rebel rebel. Época em que a liberdade era um desafio, época em que eu considerava só o universal, época que eu não dava trela pro alheio mesmo admirando a tal empatia. Confesso que me sinto muito mal agradecida por ter resmungado tanto, porque uma hora ou outra você aprende que ser livre é ter imaginação, pois ela não procura um equilíbrio entre o sentimento e o conhecimento. É o dom humano mais magnífico e falo sério! Aliás, o meu erro foi querer destacar ora meu lado empírico, ora meu lado racional, afinal nós bebemos das duas fontes e dependemos disso tal qual um recém-nascido precisa da mãe (comparação esdrúxula, i know). 
Voltando ao café e à roupa social, o que mais se respira aqui em São Paulo é imaginação... são gênios (matérias) por todos os lados. Você vê açougueiros dizendo que o cinema é coisa do diabo, senhores com fones de ouvido de mentira, dançando algo que não sabe-se o que é (tenho pra mim que é uma música animadíssima) e pessoas como eu, que as vezes param em algum canto para sair da jaula de ferro e ligar a opção manual do cérebro. 


Ilusão com conhecimento é imaginação. Imaginação com sentimento é prisão.

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