segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Assim vai

Não basta ser um pedaço de carne, tem que ser o tal túmulo da alma e as sensações tem que chegar até nossa alma por canudinhos que chamamos de boca, pele, nariz, olhos, ouvidos... Não basta feder. Tem que suportar a escandalosa se agitando dentro desse pacote por anos. Tem que aguentar alguns federem mais que os outros, enquanto a alma se agita e grita pra se libertar. Esse punhado de espaço, essas pessoas vazias, esse estrondo todo que algumas causam nas outras... Essa carniça geral. 
Aqui estamos e vamos tropeçando nos pés, admirando a vaidade alheia espalhada por todos os cantos zombando nas costas um fim de tarde preto. É tudo preto. É podre e fede. É feio mas admirável... É manipuladora essa aflição que aperta o cérebro e de repente arrebenta qualquer coração. Um pudor retalhado com faces e mãos de quem queremos todos os instantes ao nosso lado. Necessidade vagabunda entrelaçada nos livros que emitem cheiros doces como esse suspiro. Como o suspiro que dou pensando em você quando sinto raiva gerada pela saudade. 
Túmulos animados ou não. São túmulos. As almas eu não sei... Não as vejo só sinto tal como a baunilha na ponta da língua que adormece prazerosamente. Podem flutuar um, dois ou três sofás ao mesmo tempo enquanto repouso na poltrona, quero mascar chiclete sem piscar, sem pensar ou sequer excitar-me diante dessa janela até porque não sei se o que eu vejo é realmente da forma que é. Pouco importa. Quero viver sem me abster da vida e quero ao extremo nem que seja no túmulo mais podre e precário que eu ganhe. Me afundar no oceano descalça envolta por liberdade sem dor nem arrependimento. Me afundar com o peso desse amor e só até o final do mundo... Até me pegar nesse chão de novo e lembrar que a música acabou.

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