Se eu te der uma geladeira vermelha, você fica? De foices não se fazem mais sorrisos. Deus não me atende mais quando eu resolvo ter dor de dente porque isso se torna consciente e quem é que tem fé durante a sobriedade, não é mesmo?
Vive, idealiza e na hora de por no papel, tudo escapa. Aliás, sequer escapa porque não chega a se concretizar como algo real, só uma pura piração. Não tem nada pra acrescentar nessa vida fedida. Sempre me surpreendo com pouco. Acho demais o que é de menos e por aí vai. Devo ser a pessoa mais inofensiva do mundo... Nessa onda de achar que o amanhã se baseia em esperança, eu vivo de bolso vazio. Nem bolsos tenho na verdade de tão mesquinha que é a minha respiração.
Ah, doutor. Eu prefiro ficar a noite treinando dardos e mirando-os no concreto sem intenção nenhuma de acertar a testa de um bêbado. Só pelo fato de fazer parábolas mesmo. A vida é isso, eu acho.
Numa dessas aulas de Medieval com o professor existencialista, sai nos 45 do segundo tempo e fui comprar um café, obviamente com a intenção de cruzar com o leitor de Bukowski, o que não foi muito lucrativo porque o espaço estava cheio de pessoas incrivelmente pastéis. Aí eu desci e fui fumar, fiquei sentada batendo cinza dentro do copinho e o existencialista estava sentado em mais uma crise existencial. É claro que isso é a minha visão e como consequência não é uma visão muito real. Tá meio impossível pensar em coisas normais, mas enfim. Perguntei se podia fazer companhia a ele:
- Taí sozinho, cheio de crise virado de costas pra humanidade.
- Quem falou que eu tô sozinho? Tô com deus. (ele é o ser mais irônico do mundo)
- Hum, então eu vou pra lá porque essa sua companhia não é das melhores.
O meu pra lá foi o lado dele e ali ficamos “existencializando”. Falando de prédios do Maluf e signos.
- Eu sou pisciano.
- Eu sou taurina.
- Deve ser cabeça dura, não?
- Muito.
Não sei se vocês já sentiram isso, mas esse negócio de olhar pros lados e ver o tédio em forma de gente, vai recuando disposição até a parede chegando num ponto que eu me entrego aos braços. Durmo em cima deles e seja lá o que esteja acontecendo na esquina, foda-se. A única coisa que eu queria que durasse pra sempre é o chiclete mesmo.
Que tipo de pessoa se orgulha de um salto alto? Eu sou esse tipo e veja bem como eu sou retardada. Me orgulho de uma porção de problemas de saúde. Que grande porcaria. Aí eu tenho esses surtos de alma e me vejo como uma completa rabugenta viciada em qualquer merda que me acorde desse sufoco.
Um comentário:
eita que conversas legais as suas =D
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