terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Feliz solidão

no porto que agora ecoa risadas sóbrias
distintas
como a vela que se foi ao vento
sem lamúrias 
gloria ou derrota
temos o vazio que nos comporta até o cais
choramos pelas rezas que se foram em vão
nas lutas 
cheias de flores nuas em cores
dezenas de vozes sem nenhuma compreensão
sem sequer uma gota do seu choro misturada ao sal
pedaços de maldizeres passeiam 
sem pudor
dançamos pela incerteza que ergue nossos dias
com os olhos fechados 
para apagar a dor
eu prego mais um quadro teu na minha memória
sento como quem contrapõe o tempo no peito
sentindo a areia que queima os cortes dos pés
andamos tanto para lugar nenhum 
e então 
o céu se quebrou em meio a gotas
que
se fundem num oceano só 
sozinho
não se enxerga diferença entre o choro e a preza
escrevo como se pudesse alcançar seu sorriso
mais uma vez admiro 
o vazio da evidência
poderíamos sair correndo para o fim
cada um na sua solidão de marinheiro
sem questionar a derrota de quem se foi
limitando 
apenas 
o tamanho dos nossos passos
silêncio de uma pessoa é solitude
acompanhada da brisa 
que abraça o corpo
frágil 
corrupto pelo vício de sentir
de agonizar pela dúvida de quem ama

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