quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Só se for a trilha

Cinema é uma coisa que não me apetece, não me chama a atenção e não faz com que eu queira ir atrás. Sempre achei a ideia de passar mais de uma hora parada em frente a algo muito passiva e não me importa se você adora filmes e se ofenda com a minha opinião. A questão é que não odeio filmes, pelo contrário, acho que existem aqueles que têm ideias muito atraentes, normalmente acompanhadas por roteiristas e diretores que gosto muito, mas... Eu não consigo. Vai ver tenho preguiça. É muito difícil eu começar a assistir um filme e continuar depois de 10 minutos. Esses dias parei para assistir Dr. Fantástico do Kubrick e não resisti aos primeiros minutos. Só a abertura já me encheu o saco. Devo ser ansiosa, não sei. 
Pelo incrível que pareça tenho filmes favoritos e não é de se espantar que a maioria seja biográfica (Factory Girl) ou de diretores que eu já conheça como leitora (tipo Woody Allen). Ir ao cinema é gostoso também. Parece que o telão hipnotiza de alguma forma, mas em vários casos eu gastei dinheiro a toa. Entrei na sala, fiquei 15 minutos e sai ou fiquei fazendo graça com os amigos ao lado. 
Há uma exceção, senhores. Há um filme que não era biográfico, muito menos de um diretor que eu conhecia. Trata-se de "No decurso do tempo", do Wim Wenders e se eu não me engano, a duração dessa obra tem mais de 3 horas. Lembro que assisti numa espécie de sala de aula porque era uma dessas mostras de gente cult, sentada numa cadeira extremamente desconfortável. O filme é simples e bem bom. Preto e branco, sem muitas falas e uma trilha sonora divina (acho que foi isso que me conquistou). Quando todo mundo que estava na sala achava que o filme iria terminar, ele começava de novo e lembro que perguntei para a Nathalia justamente no final, qual era a duração do filme. Fiquei chocada quando ela disse e então, parecia que eu tinha voltado à realidade. A bunda começou a doer, as pessoas falando baixinho na primeira fileira me incomodavam, cabeças começaram a surgir na minha frente e a vontade de fazer xixi resolvia aparecer. Tudo absurdamente psicológico, claro. Conclui que para eu gostar de um filme bastava apenas ele ter uma trilha legal e uma história dessas que envolvem problemas normais com abordagens diferentes. 
Um outro que eu gosto muito é Donnie Darko. Me identifiquei, sei lá. Problemas juvenis são legais, adolescentes incompreendidos capazes de provar que sim, mentalidade não é uma questão de idade e essas coisas. Gosto de filmes que retratam o caos psicológico, enfim. Acontece que nos livros, que eu posso tocar, virar páginas, grifar, retirar trechos e afins eu encontro com mais facilidade essas coisas. Até mesmo em quadros que te dão uma imagem só e você consegue tirar inúmeras interpretações. Nas músicas então... Meu deus! Música sim é a melhor de todas as artes! Como diria Alain de Botton, é o mais próximo que chegamos de sermos humanos, por isso temos tantos heróis e paixões platônicas. São pessoas reais e não personagens.
Filmes com roteiros bons e trilha sonora boa são os melhores atrativos. É tudo muito relativo, claro, mas isso não interessa.

Um comentário:

nádia c. disse...

ai que lindo você gostar de Donnie, eu também adoro filmes de problemas juvenis, é uma ótima e tensa parte da vida e acho que dá pra se tirar muita coisa legal dessa, muita gente fica subestimando filmes que tratam disso.