quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Soluço

É fevereiro e eu cortei minhas unhas, coloquei o cabelo para atrás da orelha e bebi um copo d'água que desceu de modo sofrido, o que já era de se esperar de um corpo nada acostumado aos hábitos saudáveis da vida. Eu puxava a respiração lá do fundo, pronta para encarar mais uma de sol ardido.
Na rua, resolvi brincar de faz de conta porque a realidade fica ainda mais insuportável em dias de verão e como eu estava a caminho da faculdade, comecei pela linha do tempo imaginária. Escolhi a idade média. Mentira. Escolhi a idade média como desculpa. Me imaginei vivendo com a pressão napoleônica e a ideia de juntar tudo numa coisa só, que era o objetivo daquele anãozinho que eu simpatizo, vulgo Napoleão, passou a me incomodar. Que diabos uma coisa tem com a outra? Bem... Eu sempre tive um enorme preconceito com esse período e o tal anãozinho me ensinou a parar com isso indiretamente, claro. Como? Toda vez que eu lia a respeito da França do século 18, principalmente no final desse século, rolava uma nostalgia dessas que a gente não sabe de onde vem, mas sente mesmo assim, aí fui investigar a origem e descobri que vinha do meu conhecimento ralo sobre a Idade Media. Ok, conta mais.
Bem, temos lá no período da Revolução Francesa um retorno à chamada idade das trevas (pura bobagem) através do evidente romantismo que tinha altas influências da filosofia que ia em oposição ao iluminismo que bombava naquela época. Foi uma espécie de "medievalismo - o retorno quase final" e ai você mistura a pressão social com esse "survive" e acrescenta uma pitada de Nick Drake só pra dar um toque atual. Temos então um esboço de como eu me sentia nesse belo dia. 
A questão é que eu precisava fugir da realidade... Sinto necessidade, principalmente em dias que o trem está lotado com destino ao hospício de gente normal.

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