segunda-feira, 1 de julho de 2013

De súbito



Padaria Santa Tereza
Escancara a cúpula da Sé
Na cara de quem come
E de quem sente fome

Lá no chão.

A relatividade do céu
Que não tem fórmula
Só vive de mentira
Pra quem quer qualquer droga

Lá no chão.

Se eu enxergo a amplidão
Do asfalto que é abrigo
Daqui do segundo andar
O inferno se faz a única verdade

Lá no chão.

A cadeira estofada
Confortável sem ponta
Leva meus olhos pra janela
E a vertigem me empurra

De cara
No chão.

Padaria Santa Tereza
Faz do sino da catedral um acústico
Os sinais da miséria voam
Caem gotas de lamúria


Aqui no chão.

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