quarta-feira, 13 de novembro de 2013

É o que resta



debaixo das pontes

o desespero é silenciado
pelo bom senso cimentado
que agora é monumento
da cidadela que preza a desigualdade.

sorte daquele que tem um par de sapato,
não pra por no pé esfolado pelo trabalho,
mas pra usar de travesseiro improvisado
quando o dia se desfaz solitário 
nesse gramado sujo.

dia desses vi três moças abandonadas pulando corda
debaixo da praça da avenida antártica.
a esperança delas de tocar o céu
se fazia maior a cada salto: elas sorriam de lá
com a certeza de que o asfalto que queima
também teima em aproximá-las do inexplicável.

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