terça-feira, 19 de novembro de 2013

feita de silêncio



dou um passo, dois
cambaleio e vou ao chão.
ele me recebe com a mesma densidade
dessa dança sem par.

olho o teto sorrindo,
fecho os olhos
e deixo a cortina brincar de vento:
ele, sedento, me acaricia por debaixo do vestido.

faz sol segundo a denúncia da fresta que me resta
e ainda no chão observo cada canto de sujeira -
de alguma forma nossa imundice tem que se fazer ver.
percebe? é isso que me faz viva:
o silêncio contínuo, raro de se capturar.

a solidão me abraça e volto a sorrir
enquanto sento e observo o que me traduz,
o que me faz desconhecida diante dos dias.
me contento em não dizer nada,
vou ganhando a forma do invisível
e por fim me entrego e me dissolvo
ao que é permitido só sentir.

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