domingo, 5 de outubro de 2014

antes de adão

eram as rachaduras da parede fria ou eram minhas veias? eu as tocava para tentar ficar acordada dentro daquele quarto pálido de hospital público. ao meu lado, ainda com a agulha espetada, dormia uma mulher que não parava de se mexer. metiam injeção na gente achando que íamos capotar, mas a cabeça é um troço que não sabe o que é paz. virei o rosto de volta para as rachaduras e vi mapas, rotas, caminhos, pés. quis correr, mas não conseguia.

dei pra sonhar que salto do topo de um prédio bem alto e ao mesmo tempo fico aguardando no chão, olhando pra cima, me vendo cair. já posso até criar um inventário onírico pessoal. nessas de saltar, outro dia voei numa boa. quando não salto, me afogo no raso e só consigo respirar quando o corpo já se foi.

jack london é meu pastor e nada me faltará.

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