segunda-feira, 22 de agosto de 2016

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curvas retorcidas vibram
entre meus medos tolos
o que é mofo 
vez ou outra me intoxica.

sigo meus rígidos passos
alimento o tempo 
com solos
de cortes táteis.

há um ciclo de mesmices
que tento subverter 
quando lhe viro o rosto de manhã
quando digo ao meu filho:
— meu menino, não chore!
percebe como pesco o mundo 
com essas mãos 
onde mordo minhas angústias?

miro prédios com um plano de fundo falso,
posso puxar esse azul
com a ponta dos dedos,
meter nos teus olhos
toda essa secura.

há um manto morno
forrando meu agora.
eu viveria de alegorias
para lhe poupar
o peso do meu choro.
pela nuca ouço o caos rítmico,
das tragédias em sequência.

sou capaz de me encolher
até caber na fresta de luz
que invade o tédio. 
não sou capaz de me enganar sozinha

esses socos ao pé do ouvido bastam.

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