segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Marco marcou

Fim de dia, Marco chegou no prédio e subiu os onze andares no elevador perfumado.
Tinha deixado as janelas abertas e um punhado de chuva havia passeado pelos cômodos.
Abriu o pote de bolachas, pegou uma e foi comendo enquanto deixava os restos e as migalhas no chão do que tinha sido seu dia.


Debruçou-se na janela e passou a observar os vizinhos. Aí estava a grande vantagem de morar no alto.
Uma janela em especial lhe chamou a atenção. Era a janela do quinto andar, e pelos detalhes no pedaço que dava para ver, conseguiu concluir que tratava-se de um quarto feminino. O engraçado é que jamais tinha notado o ambiente.


A respectiva dona do quarto entrou, aos prantos com um vinil na mão. Talvez estivesse chorando por alguma decepção ou bronca. O vinil era de quem? Hum... Doors, talvez? 
Aquilo fez com que sentisse saudades do encanto de sua vitrola. Desceu e foi até o sebo da rua de trás comprar alguns discos. 


Tinha um cara entregando uma tira de papel na entrada. Ele pegou e perguntou ao dono do sebo sobre o que se tratava:


- Ah sim... é que o cara lá dos Stones, um tal de Brian Jones foi achado morto na piscina ontem. Dizem que foi suicídio. Enfim, só sei que aquele fulano que foi preso em outubro, que é cheio de fazer loucura e ritual passou aqui com esses folhetos. 


Na tira de papel tinha um poema, de nome "Ode a L.A". Marco chocou-se imediatamente.
Saiu de lá com um vinil do Doors debaixo do braço. Queria conhecer o autor de tal obra. De tal sentimento.


Acho que depois daquele momento ele passou a entender a garota...

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