segunda-feira, 20 de junho de 2011

Chapéu e nós

Faleci um coração ontem a noite e ainda estou me recuperando. A dor de admitir certas situações e ter que ouvir o tempo sussurrando no meu ouvido que tudo passou é um pouco desconfortável, porque o meu amor é de vanguarda e então, eu sento aqui de frente pra janela, meio desolada e com cheiro de adoçante nas mãos...
Olho para baixo e vejo dois pés cansados, bem mais velhos do que eu... calejados, porém, femininos. 
Observo minhas pernas, massageio as panturrilhas, estico a camiseta e me vejo gorda... E isso não me incomoda. Não sei se fico aqui na cama ou se dou o ar da graça ali na sala. Ouvi mais cedo minha avó dizendo: "Não acorda ela não... deixa descansar, tadinha" e agradeci imensamente por isso.
Eu estava em um desses dias que nada motiva a gente a abrir os olhos... Onde a gente só quer ficar deitada, com os olhos fechados, pensando em uma porção de coisas, mas sem nada específico para alimentar a cabeça e sair do escuro. As vezes eu fico muito sem vontade de falar como se fosse pouco. 
Há manhãs que eu abro a janela e sinto o desejo de por um vestido floral e sair dançando qualquer porcaria, mas isso é tão raro...
Sempre gostei de olhar pro nada e imaginar situações prazerosas do mundo, aí, num lance de receio, começo a imaginar como seria o oposto e me parece que somente a lei de Murphy me obedece. Engraçado que não me sinto carregada, pelo contrário... Me sinto leve e vulnerável a qualquer solicitação... Seja um pedido para ir jantar ou ir prestigiar um garoto solitário. 
Vou unindo todos os pontinhos pretos e fazendo deles braco. O mesmo daquela coisa brega de paz... Tão gélido e ao mesmo tempo tão quente... Tão passageiro e eterno que eu nem ligo pro que é consequência, desde que eu tenha você do meu lado.

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