Meus olhos pesam muito, pedem cama mas eu não consigo parar de observar cada detalhe daqui. Há quem peregrine pelo asfalto em busca de uma razão para chegar em casa e sorrir. Existem também aqueles que sentam no chão e brincam de eternidade. Vivem o que pensam ser a liberdade. O dia vai amanhecendo.
Me deparo com senhoras caminhando, correndo atrás do prejuízo enquanto o pão vai saindo fresco do forno. Sinto o cheiro ao passar por essa esquina. Sinto o cheiro das 6h.
As avenidas paralelas não me intimidam, me convidam e eu vou como se fossem infinitas... Tudo tão alto, tudo tão fresco e ao mesmo tempo exalando podridão. Os mendigos despertam sorrindo com seus pés machucados. É uma manhã gloriosa de fato...
A negatividade ronda por aqui sim mas não tem o poder de contagiar. Agora, se você caminha e vê um senhor dançando sozinho, você ri. Você tem vontade de dançar também... Não desespera saber que um dia tudo vai por água a baixo? Vão apagar você do sonho. Por que não aproveitar?
A avenida não acaba e eu fecho os olhos por um segundo. O vento bate, o cabelo voa, a cabeça roda e as imagens distorcem. O dia finalmente amanhece. Eis o sol.
Não tem como pensar em alguém. Não é algo que te faça lembrar de alguém porque é só seu. O mal estar, a tontura, os passos, o vento e o sol. Ninguém vai tirá-los de você.
Apenas aproveite e se não for pedir muito, viva enquanto os fracos desperdiçam a loucura em vão com algo comum como eu e você. Viva da pior forma possível porque a melhor vai te levar pro mesmo buraco, com a diferença da localidade, o que não importará tanto já que de boas intenções o inferno tá cheio.
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