segunda-feira, 7 de novembro de 2011

É só

Esse mundo digital possibilitando que as pessoas me mandem sms às 4h da manhã, vibrando a madeira da cabeceira e me despertando feito choque pra apertar a opção “ler” e deslizar os olhos por algo como: “Vai, Brasil. Meus sonhos estão destruídos mesmo, então bebe Brasil”. Parece até que temos hora marcada para resmungar e nos estapear com 7 tapas na cara.

Peço para que mande uma msg dizendo para eu acordar, porque eu só presto atenção em alguma coisa quando se trata de abrir os olhos. De segunda-feira o combinado é sofrer pela sexta, pelo sábado e pelo domingo porque esses são os dias da derrota emocional. São os dias que eu não posso mandar o mundo ir se foder. Ao contrário disso eu resolvo amar como se não houvesse amanhã, choro vendo filmes e minha sensibilidade se converte em ressaca, uma atrás da outra, sem dó ou perdão. É quando eu arrebento qualquer tipo de balança psicológica que exista.

Voltando à semana, até quinta-feira nós deveríamos apenas reclamar, dançar rolling stones na rua, mandar os problemas emocionais para o outro lado do hemisfério, mas não... Essa semana nos encontramos num caso sério de traição ao movimento que inauguramos. Estávamos sentadas, cada uma com uma cerveja na mão. Ela havia acabado de desligar o celular dizendo “eu te amo, não esquece”, enquanto eu ali do lado olhava pro céu e dizia: “que vida filha da puta, eu tô amando o cara”. Nos olhamos e começamos a dar risada! O quanto de ressaca já ficamos na sexta-feira convertida em fênix! Quantas vezes demos risadas dos problemas como se nada fosse tão sério quanto os dois empregos, o valor alto do cigarro, as provas da semana seguinte, o trabalho para amanhã... Era isso. Duas coitadas sentadas olhando pra baixo e pensando: “É isso, Brasil. Estamos amando”. Normal seria eu amar e trocar de amor toda semana, só que dessa vez era grave porque o amor continuava o mesmo. Nosso lema estava destruído. Eu que antes ouvia reclamações e era renegada pelo velho Buk agora dava o troco. E o pior, eu vivo incentivando isso. Essa coisa boa que é amar alguém...

Se não me bastasse as crises de segunda-feira e a professora enjoativa mirando os olhares no nosso grupo enquanto eu rebatia com a melhor feição blasé que eu possa ter, eu sou abordada por um amigo, em plena avenida pós palestra insuportável, pegando minha mão e dizendo “mas eu quero você!”. Céus! Qual é a sua, Deus? Eu me encontro aqui, amando e sim, apaixonada pelo homem que ora eu vejo ora não, ai o senhor vai e me põe um ser mais carente do que eu bem na minha cara. Vai a merda!

A companheira de conflitos existenciais dá risada. Ri da minha cara de espanto e do meu desespero de quem ama.

- Por que o que realmente é meu não tá aqui perto de mim assim? Pegando na minha mão?
- Vai dizer que você não gostou da abordagem?
- Eu amo outro cara, pelo amor de Deus...
- AAAAAAH, PARA COM ISSO!
- Não. Olha pra você! Tem uma aliança no seu dedo.
- Que merda.
- É, Brasil. É só segunda-feira e a gente só tem 18 anos...

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