domingo, 8 de dezembro de 2013

Prelúdio catastrófico



Sábado de dezembro
típico mormaço desesperador e
por pouco não raspei todo o cabelo.
Passei uns minutos no chuveiro,
saí, coloquei a calcinha,
a camiseta surrada com a estampa do velho bukowski,
desfilei pelo apartamento até a lavanderia
e me pendurei na janela pra olhar o vento na árvore
me lembrando que não sou nada
que não sou livre pra me bater por aí
derrubada por uma doença de nada.

O silêncio nesse apartamento grita
e me cansa
até que ele vem e me pega
pela cintura,
ainda na janela.
Ele, convertido no delírio
da saudade de quem sabe
que não mais o tem.

Eu te imploro, memória
pare de parir essa lembrança
que insiste em bater na aorta
quando me tenho só
longe de estar sóbria.
Já fiz do desassossego uma virtude
pra contemplar com alegria
a demasia do meu desalento.
Não te satisfaz ter feito do coração
um lugar turbulento?
Queima tanto que pra mim
já virei o diabo
sedento pelo meu próprio inferno.

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