quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Pretérito quase [im]perfeito



O bêbado entrou no ônibus cheio
reclamando do país e da política
enquanto o suor pingava,
exalava pinga e gritava.
O motorista se irritava com a
falsa cantoria.
Do outro lado da catraca
a gente achava graça.
Lá fora o semáforo fechava
a porta abria,
o bêbado caía
levantava e parava na frente do ônibus:

- morreu na contramão atrapalhando o tráfego - diriam.

não ainda.

Foi apenas uma surra de covardia
dada por um igual
que não se conformava com seu reflexo.
No meu ouvido Tom Waits batia palmas
e eu admirava o corpo do bêbado caído na esquina.
Na porra da esquina ensaguentada e mijada
com vista pra lua gorda naquela noite abafada.

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